PCP defende saída do euro para assegurar o futuro de Portugal
A saída do euro e a dinamização de uma política patriótica de esquerda foram duas das propostas defendidas por Octávio Teixeira (economista) e Miguel Viegas (eurodeputado) no âmbito do debate sobre “A Crise, o Euro, a Dívida: Causas e Saídas para um Portugal com Futuro” que decorreu esta semana na Universidade de Évora.
Uma iniciativa promovida pela Comissão Concelhia de Évora do Partido Comunista Português que teve como moderador o economista João Andrade Santos. O dirigente salientou o recuo da economia e o actual descalabro do País nas mais diversas áreas, considerando ser imprescindível mudar de política para sair de tal situação.
Octávio Teixeira explicou, entre outros aspectos, as causas da crise que há 15 anos afecta o nosso País, com significativa gravidade nos últimos quatro. Enumerou também os principais constrangimentos advindos da dívida que classifica como insustentável do ponto de vista económico e social, mas também da democracia política. Os constrangimentos do euro foram igualmente abordados, concluindo que “ a saída do euro é essencial e necessária”, reconhecendo que esta tem custos, mas são consideravelmente menores do que a permanência no referido projecto político.
Miguel Viegas apontou as verdadeiras motivações do Banco Central Europeu, “eminência parda” que determina a política europeia e também portuguesa através de um projecto destinado a garantir o domínio da classe capitalista sobre quem trabalha. Abordou a situação da Grécia e a necessidade de preparar os portugueses para uma eventual saída do euro e para a defesa de uma política patriótica e de esquerda como a do PCP.
“O PCP tem defendido a necessidade de se fazer o estudo e a preparação para uma eventual saída do euro que pessoalmente considero absolutamente necessária”, afirmou Octávio Teixeira, considerando que “Já foram os anéis e agora estão a ir os dedos e esses dedos vão continuar a ir se não for travada esta situação”.
Miguel Viegas também está convicto que devemos estar preparados para essa saída e reconheceu “que Portugal tem futuro através de uma política patriótica de esquerda, que por um lado tem a ver com o fim dos constrangimentos do euro, com a recuperação da soberania monetária e com o controle do sector financeiro, e por outro, com a criação de condições para aumento da produção nacional e redinamização do nosso tecido produtivo”.
Apesar da situação ser complexa e a batalha longa e difícil, sublinhou que “há esperança e nós não estamos sozinhos, há a questão grega, mas também da Espanha, da Itália e da Irlanda”, um conjunto de países da preferia que se debatem com problemas similares e que “ilustram a injustiça que neste momento está perfeitamente instalada no quadro da União Europeia e que revela a necessidade de encontrar pontes e aliados que permitam a resolução de um problema que não é exclusivo de Portugal”.
Debate muito participado e que foi mais um contributo para a construção da alternativa patriótica e de esquerda que o PCP vem preconizando, como contribuição para a ruptura com a política de direita.