Como todos sabemos o ano de 2017 foi trágico com incêndios que deflagraram por todo o País, destruindo a floresta, habitações e pior que tudo roubando vidas. A Comissão Concelhia de Mora do PCP, reunida para analisar a situação política e as tarefas do Partido e face às graves declarações do Ministro da Agricultura decidiu relembrar que aquilo que aconteceu na zona centro teve a ver com três factos: um Verão com temperaturas elevadíssimas e extremamente seco, o ordenamento (desordenamento) do território que tem permitido o plantio de espécies florestais de toda a maneira e feitio e o despovoamento do interior do País que contribuiu para o abandono dos campos. No meio de tudo isto, com uma ligeireza de bradar aos céus, o Governo logo encontrou a solução para que no futuro nada disto se repita. E então legislou no sentido dos proprietários dos terrenos limparem os mesmos até 15 de Março (já passou e o que é que foi feito?).
Contudo, se os proprietários dos terrenos não o fizerem terão de ser as Câmaras a substituí-los, como se algum município tivesse pessoal, máquinas e equipamentos para o fazer… isto é fugir com o rabo à seringa. Entretanto, como senão bastasse, ainda assistimos ao bate-papo entre a Dra. Assunção Cristas (a quem de facto o nome de Cristas que faz parte da fisionomia dos galináceos assenta bem) e o Governo como se nenhum deles tivesse nada a ver com isto. Então a agora líder do CDS não foi Ministra da Agricultura? E o Dr. Capoulas Santos agora Ministro da mesma área mas que já o foi noutros “governos” do PS não tem a ver com o assunto? O que é que têm feito e fizeram quando o podiam fazer? NADA! O que sabemos hoje é que este ano não há multas e se a coisa correr bem, possivelmente, no próximo ano também serão esquecidas e tudo ficará na mesma. Entretanto, e preparando a nova época de fogos, sabemos que os helicópteros KAMOV que custaram uma pipa de dinheiro não estão aptos para intervir, que o Governo se prepara para gastar, mais uma vez, milhões na contratação de meios aéreos (mais uma negociata). Contudo, naquilo que é fundamental pouco se fala, no ordenamento do território. É preciso estudar as espécies mais adequadas para plantar em determinadas zonas, obrigar a que os afastamentos das estradas sejam mais generosos, criar aceiras e acessos. Obrigar os grandes proprietários e latifundiários da floresta a reorganizar os seus terrenos. Mas quem primeiro tem de dar o exemplo é o Governo, quantas pessoas continuam a trabalhar no Pinhal de Leiria que, quando ardeu, para cuidar de uma área de 75.000 hectares, tinha 10 pessoas.
Também no Concelho de Mora existe uma Mata Nacional de 258 hectares na maioria de pinheiro manso, existe desde o século XVI. O estado retira de lá rendimentos da venda das pinhas, cortiça e outras. Foram cerca de 500.000 euros nos últimos 10 anos. A manutenção que tem sido feita é manifestamente insuficiente. Há talhões com aceiras mas as copas dos pinheiros já se cruzam. Há talhões cujo mato é tanto que mais parece uma selva. Por isso temos, a poucas centenas de metros da Vila de Cabeção, um rastilho cuja ignição pode destruir a qualquer momento uma mata centenária. O Estado quer obrigar mas não cuida daquilo que é seu.
Mas o actual Ministro Capoulas Santos finalmente encontrou a solução. “Se as Câmaras não têm dinheiro para limpar os terrenos então façam menos festas”. E pronto, está o problema resolvido! Ora senhor Ministro tenha vergonha e não faça o senhor Primeiro-Ministro corar da dita vergonha que o senhor não teve ao afirmar esta barbaridade.
Assim, A Comissão Concelhia de Mora do PCP decide exigir ao Dr. Capoulas Santos, que trate da limpeza da Mata Nacional de Cabeção, propriedade do Estado e que é, de facto, o ponto mais crítico do Concelho e que bem precisa, a Câmara Municipal não vai acabar com as Festas! Vá Sr. Ministro, dê o exemplo!
16/3/2018
A Comissão Concelhia de Mora do PCP